sábado, 26 de janeiro de 2013

Comunidade das Namoradas

       Mais ou menos em abril uma amiga que namorava um cadete um ano a frente do meu namorado me convenceu a entrar na Comunidade das Namoradas. Confesso que sempre achei isso ridículo, falava horrores dessas meninas de comunidade. Mas tenho que admitir que estava completamente errada e tinha uma visão muito diferente da realidade. Na Comunidade, conheci meninas maravilhosas, algumas de outras cidades, outros estados, com experiências, cultura, idade, profissão, estilo de vida, visão de futuro, enfim, personalidades totalmente diferentes da minha. Fiz algumas amizades que levarei para a vida toda, independentemente de nossos namorados continuarem no Exército. 
Amizade Virtual também é verdadeira!
       No entanto, nem tudo são flores. Algumas conversas, informações que eram pra ser de conhecimento exclusivo das meninas que participam acabaram sendo espalhadas pela AMAN. Alguns namorados curiosos e sem ter o que fazer entravam com as senhas das namoradas só para bisbilhotar sobre o que falávamos e soltavam para os demais, o que fez com que alguns conflitos fossem criados e que algumas deixassem o grupo. Resolvi que não iam ser esses namorados infantis (e que não queriam que as namoradas soubessem das coisas lá de dentro) que me fariam ficar longe de quem me fazia bem, de quem me entendia, me ajudava, compartilhava suas dores comigo. Mas tem que ter muito cuidado com que se fala nesses lugares, até mesmo para não prejudicar, mesmo sem querer, seu namorado. E, acima de tudo, tem que ter muito companheirismo e confiança entre os dois, para não se deixar ser influenciada pelas dores alheias e não desconfiar de seu amado porque outra o faz.
       De qualquer forma, só tenho a agradecer as meninas da Comunidade. Hoje eu vejo o quão besta fui de ficar com preconceitos e perder tanto tempo antes de entrar para o grupo. As meninas são verdadeiros anjos que estão sempre lá quando mais precisamos. Lá nós podemos expressar nossos problemas porque elas entenderam, afinal, só quem é sabe. Lá não precisamos ter vergonha ou ter que aguentar comentários maliciosos sobre namoro à distância. Lá as nossas preocupações não serão caprichos. Hoje, eu vejo que, às vezes, converso mais com as meninas que conheci pela Comunidade do que com minhas amigas de anos. 
      Mesmo conhecendo algumas muito pouco, outras mais, não tem como não sofrer junto quando algum relacionamento acaba. Ou não ficar com raiva de um namorado que trai a namorada, mesmo sem conhecê-la. Infelizmente, lá presenciamos os extremos: de um lado meninos que já pensam em casar; de outro, meninos que só pensam em ir pra “saca” e enganam a companheira. A cada notícia de termino de namoro é como se você levasse um tapa, ainda mais como certos namoros acabam. Não sei com o que sofro mais, se é com namoros de vários anos que terminam ou se com meninas que fazem tudo pelo namorado e ele termina com ela pra “aproveitar a vida”. No final do ano então, parecia que era algum tipo de praga, vários namoros terminavam em dezembro. Meninos que queriam aproveitar as férias e jogaram fora o relacionamento (lembro de um caso que ele terminou com ela por sms), sem se importar com tudo que elas fizeram por eles, por tudo que elas tiverem que passar e aguentar durante todo ano, todo o namoro. Só que eles se esquecem de tudo isso e esquecem que em algumas semanas eles irão voltar para a bolha e não terão pra quem ligar, quem os ouvir, quem estar ali pra eles, quem segurar a barra, quando as coisas apertarem e o estresse diário voltar, tem uns que têm a cara de pau de voltar só pra não sofrer sozinho lá dentro.

Alguns perfis de namoradas 2013: Namoradas Aspiras AMAN, Namoradas Afins AMAN, Namoradas Calouros AMAN, Namoradas Básico AMAN, Namoradas Preposas, Namoradas Cadetes da AFA e Namoradas Navais.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Campos

       Não posso deixar de falar dos campos. Ah, os campos, aquelas coisinhas chatas que nos deixam descabeladas, sensíveis e estressadas. A prévia experiência do campo da prep de nada serviu. Ficamos nervosas como se fosse o primeiro campo deles. E não, essa sensação nunca passa, a tristeza de quando eles se despendem não muda. Você pode começar a se acostumar com a situação quando ele já fez seu décimo campo, mas aquele aperto no peito, aquela agonia durante a semana toda sem ouvir a voz dele nunca irá passar, acredite. 
Operação Henrique Lage, 1º ano.
        Como eu digo, quando eles estão no campo um sentimento muito paradoxal toma conta da gente. A gente quer ouvir a voz deles, fica rezando para o telefone tocar, mas, ao mesmo tempo sabe que, ficar sem notícias significa que está tudo bem, que tudo está ocorrendo como planejado. Então, rezamos para que a semana passe logo e a sexta-feira chegue para que possamos saber que ele está bem, por mais cansado e machucado que esteja. Ah, e temos que estar preparadas para ouvir as diversas histórias de campo (e olha que não são poucas, hein!).
          Eles fazem, pelo menos, 5 campos durante o ano, de duração de 1 semana (segunda a sexta), mas isso vai mudando de acordo com o ano, o comando e, principalmente, conforme eles vão entrando nas armas. Isso sem contar os inopinados também (atividades surpresas de duração diversa, mas relaxe, são beeem mais curtos que os campos), as marchas e corridões inesperados.
           Os campos do 1º ano são: Operação Alvorada (dura de segunda a sexta, e a cada noite uma Cia. dorme no próprio apartamento, ou seja, ele conseguirá dar sinal de vida 1 noite), Operação Boa Esperança (é realizada na Fazenda Boa Esperança, que fica em Itatiaia e também dura cinco dias), SIEsp de Montanha (falarei mais tarde), Operação Henrique Lage (também é realizada na Fazenda Boa Esperança e também dura cinco dias) e Operação FIT (dura de 2 a 3 dias, dependendo do ano, e é realizada nas instalações da AMAN mesmo).
         Os campos do 2º ano são: Semana Verde (eles dormem nas alas todos os dias, mas passam a semana tendo instrução no parque), Operação Calouro, Operação Quebra Nozes (também acontece na Fazenda Boa Esperança e começa na segunda e termina na sexta), Operação Monjolo (nesse campo eles andam muito, e quando eu digo muito é uma média de 30 km por dia) e Operação Afim (começa na segunda mais tarde e acaba na quinta à noite, contudo, eles só serão liberados e darão sinal de vida na sexta, pois, pela parte da manhã, haverá manutenção de armamento).
         Nas Armas, a quantidade e duração dos campos vão variar de acordo com cada uma. A Infantaria, por exemplo, é a que tem mais campos, e a Cavalaria tem muitas atividades também. A Intendência, as Comunicações e o Material Bélico já são mais tranquilos, mas também têm seus campos. Por vezes, as Semanas Verdes marcadas no PGE também podem significar viagens para outros quarteis em cidades diferentes ou até mesmo semana de palestras, dependendo da Arma.
         Além disso, a cada ano eles farão uma SIEsp diferente. As SIEsp são campos especiais que também duram 1 semana e cada uma é sobre uma matéria, formando 4 ao total (falarei sobre cada uma adiante). Além disso tem o Manobrão (manobra escolar), que é um campo que dura duas semanas no final do ano (início de novembro) e toda a Academia participa, mas, às vezes, o 1º ano não vai, como aconteceu no ano do meu Amor, por falta de espaço para todos, uma vez que alunos da EsSA e da EsSLog (Escolas de formação de Sargentos) também participam.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Grampo, NN e TAF

TFM dos Cadetes
      Todo ano eles têm que fazer 2 testes físicos (TAF - Teste de Aptidão Física) e sempre tem prova de corrida, braço e natação (cada ano tem sua especificidade), então, não pode dar mole, temos que incentivá-los a treinar mesmo nos finais de semana, nos feriados, nas férias, já que isso vale nota (ou seja, é mega importante pra classificação) e pode ter algumas consequências também...    
         Antes dos testes eles sempre fazem as "AFs" (Avaliação Física) para saber como está o desempenho dos cadetes e quem não consegue atingir o grau mínimo (a nota da média para passar), "pega grampo". Grampo é como eles chamam os treinos específicos para os cadetes com dificuldades em alguma prova física. Quem não obtém nota acima da mínima estipulada, pega grampo e tem que ficar treinando nos sábados pela manhã (ou seja, atrasa a liberação, o que não é nada feliz para nós).
        Quem tem dificuldade na natação, é chamado de "NN" (não nada) e tem que entrar em um grupo, como se fosse uma "escolinha de natação". O NN serve para ensinar e aperfeiçoar os cadetes que não saibam nadar ou que tenham dificuldade nisso. Os treinos são durante a semana, às 5 horas da manhã. No verão até que é tranquilo, mas, quando chega o inverno, e a piscina é congelante, dá dó. Isso além de fazer com que eles acordem ainda mais cedo. Mas o lado bom disso é que com esse treinamento eles melhoram bastante e, no final, pode ser que seja uma boa coisa. É como dizem, há males que vem para bem!
           Como já disse, a cada ano muda o tipo de prova e data em que ocorre o TAF e a tendência é sempre ficar mais difícil, então, não pode dar bobeira, é treinar muito e manter a classificação!

OBS: Encontrei uma matéria num blog que fala sobre o Treinamento Físico Militar nos 4 anos.